sábado, dezembro 28, 2024
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Mercado reage ao pacote de cortes de gastos e anúncio de isenção de IR

Alta do dólar, inflação e Selic em foco: mercado reage ao pacote econômico e à isenção de IR.

A expectativa no mercado financeiro para o anúncio do pacote de cortes de gastos foi intensa, assim como a reação à notícia. Antes mesmo da divulgação oficial, o dólar disparou na quarta-feira (27), alcançando o maior valor da história, R$ 5,91, enquanto a bolsa de valores registrava queda expressiva. A situação se agravou nesta quinta-feira (28), quando a moeda americana superou os R$ 6 e passou o dia rondando esse patamar.

O economista André Galhardo, da Análise Econômica de São Paulo, classificou a resposta do mercado como desproporcional, apontando como fator determinante o anúncio simultâneo da isenção do Imposto de Renda (IR) para quem ganha até R$ 5 mil. “O governo apresentou medidas que reforçam o cumprimento do arcabouço fiscal a longo prazo, mas, ao mesmo tempo, divulgou a chamada ‘reforma da renda’, que aumenta o gasto tributário. Isso foi interpretado como contraditório pelo mercado”, avaliou.

Impactos no câmbio e na inflação

A valorização do dólar pode gerar efeitos diretos na inflação, que já vinha crescendo no último trimestre. “Sem uma mudança inesperada no cenário, é improvável que o dólar se desvalorize nos próximos dias, o que tende a agravar o problema inflacionário”, alertou Galhardo. O economista também destacou que a desvalorização cambial pode levar a um aumento ainda mais significativo da Selic na próxima reunião do Copom, prevista para dezembro.

Contradições e desafios econômicos

Galhardo chamou atenção para um dilema gerado pelas medidas. “Embora a isenção de IR beneficie famílias com renda de até R$ 5 mil, o aumento da inflação, impulsionado pela alta do dólar, acaba elevando os custos gerais, diminuindo o poder de compra das famílias”, explicou.

Entre as principais medidas do pacote, destacam-se um teto para o reajuste do salário-mínimo, a redução gradual do abono salarial, o fim de exceções no teto de gastos do funcionalismo público e mudanças na previdência dos militares. Além disso, o governo planeja limitar o crescimento das emendas parlamentares e intensificar a fiscalização de benefícios como o Bolsa Família e o BPC, medidas que ainda dependem da aprovação do Congresso.

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O desafio agora será conciliar as expectativas do mercado e os objetivos fiscais do governo sem prejudicar a economia e a população.

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