terça-feira, abril 15, 2025
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Dia Mundial do Café destaca paixão brasileira

Consumo do café enfrenta alta de preços, mas grãos especiais ganham protagonismo e apontam novos caminhos para o setor

O Brasil lidera o consumo per capita de café na América do Sul e representa 82,5% do mercado consumidor da região. Foto: Midjourney

O Dia Mundial do Café, celebrado em 14 de abril, marca não apenas a paixão global por essa bebida, mas também a relevância econômica e cultural do grão em diversos países — especialmente no Brasil. Por aqui, o café é mais do que uma tradição: é parte da identidade nacional.

Está presente em diferentes momentos do dia, é oferecido em casas, escritórios, lojas e, claro, bares e restaurantes, consolidando-se como um item essencial no setor de alimentação fora do lar.

Essa quase onipresença no cotidiano brasileiro é refletida também nos números. O Brasil lidera o consumo per capita de café na América do Sul e representa 82,5% do mercado consumidor da região, de acordo com relatório da Organização Internacional do Café (OIC), que analisou o biênio 2022/2023.

O país também continua sendo o maior produtor e exportador do grão, mantendo sua posição de protagonista no cenário internacional mesmo diante de oscilações na produção global. Enquanto África, Ásia e Oceania enfrentaram queda na produção, a alta brasileira puxou o crescimento da oferta no continente americano.

Mas a força cultural e comercial do café não está imune a pressões. O setor de bares e restaurantes, que lida com margens apertadas e aumento constante dos custos, tem enfrentado desafios para manter a oferta da bebida com qualidade e preços acessíveis.

De acordo com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgado neste mês pelo IBGE, o café moído acumulou inflação de 77,78% nos últimos 12 meses até março de 2025, bem acima da inflação geral, que foi de 5,48% no mesmo período. A alta impacta diretamente os negócios do setor de alimentação fora do lar, onde o café é uma das ofertas mais populares.

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Dados recentes da Abrasel revelam que 32% dos estabelecimentos não conseguiram repassar os reajustes de preços do cardápio ao consumidor no último ano, enquanto 22% só o fizeram abaixo da inflação.

Essa dificuldade de repasse evidencia o dilema enfrentado pelos empreendedores: como continuar oferecendo um item tão simbólico sem perder competitividade?

Consumo se transforma e cafés especiais ganham espaço

Apesar do cenário de dificuldade, novas possibilidades se apresentam. Um dos segmentos que mais se destacam é o de cafés especiais — categoria composta por grãos de alta qualidade que recebem notas acima de 80 em uma escala internacional da Specialty Coffee Association, que avalia dez critérios, entre eles sabor, aroma, acidez e ausência de defeitos.

Nos últimos anos, a procura por cafés especiais aumentou de forma significativa. Para Lucas Parizzi, sócio-fundador da marca mineira A Pão de Queijaria, o crescimento do interesse é visível tanto no comportamento dos consumidores quanto na forma como o assunto passou a circular em novos espaços.

“O público tem demonstrado mais interesse e curiosidade pelos cafés especiais. A gente também observa nas redes sociais cada vez mais influenciadores falando sobre o tema”, afirma Parizzi. Segundo ele, essa nova valorização do produto impulsiona o setor a se profissionalizar ainda mais e a investir em qualidade, experiência e diferenciação.

Mas esse movimento também exige cautela, especialmente diante da instabilidade de preços. A valorização do arábica — tipo de grão que domina o segmento de especiais — tem impactado os custos. Com isso, empreendedores buscam saídas criativas e viáveis.

“É natural que, quando um setor tem algum tipo de crise ou uma alta significativa de preços, como é o caso, ele tente se reinventar e buscar se adaptar. Eu não sei apontar qual o caminho que a indústria do café vai traçar agora, mas uma das possibilidades que eu vejo é o aumento no consumo de grãos conilon, que têm complexidade menor do que os cafés arábica e, em geral, custam menos”, analisa Parizzi.

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Margens apertadas exigem criatividade

A valorização do café especial tem impulsionado também o aumento do número de cafeterias e casas especializadas, o que amplia a competitividade e reforça a necessidade de diferenciação no mercado.

Parizzi mantém uma visão otimista sobre esse crescimento: “Acredito que há mais fatores positivos do que negativos. De fato, com o aumento do número de casas trabalhando com cafés especiais, a gente precisa se posicionar para ter um destaque, mas, por outro lado, eu acho que se colabora muito para fomentar o setor.”

Esse posicionamento passa por estratégias como o uso de blends — misturas planejadas de diferentes tipos de grãos — e pela criação de drinques à base de café, que ajudam a aumentar a margem de lucro e oferecem novas experiências ao consumidor.

“Como qualquer negócio, a gente precisa se posicionar de forma distinta, e o essencial é continuar oferecendo uma experiência diferente das outras”, defende o empresário. “Na A Pão de Queijaria, a gente se posiciona frente à concorrência oferecendo uma experiência voltada para o universo do pão de queijo. A gente coloca pão de queijo na salada, no sorvete, na sobremesa. A nossa distinção vai por esse caminho, pela experiência que a gente oferece e outras casas não.”

Empreendedores precisam adaptar modelo de negócio para manter consumo

Neste Dia Mundial do Café, a data serve também como um lembrete dos desafios enfrentados pelo setor. A bebida continua sendo popular em bares, lanchonetes e restaurantes, e pode ser uma porta de entrada para novos públicos, fidelização de clientes e aumento do tíquete médio.

Para que isso aconteça, no entanto, é preciso atenção à formação de preços, à escolha dos fornecedores e ao perfil de consumo do público. O momento exige ajustes estratégicos: avaliar a viabilidade de produtos com maior valor agregado, adotar formatos criativos de apresentação da bebida e buscar eficiência nas compras e no preparo.

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O café segue como símbolo da hospitalidade brasileira, um elo entre gerações e classes sociais. Do balcão das padarias às mesas das cafeterias gourmet, continua a desempenhar um papel central na experiência gastronômica. Mas, para que permaneça assim, os negócios do setor precisarão unir tradição, inovação e gestão eficiente para transformar desafios em oportunidades.

*Texto produzido pela Agência de Notícias da Abrasel.


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