São Paulo está no centro de uma transformação silenciosa que afeta diretamente a vida de milhões de consumidores: a logística urbana. O avanço do comércio eletrônico, que movimentou R$ 200 bilhões em 2024 e deve alcançar R$ 234 bilhões em 2025, aumenta a circulação de veículos de entrega, exige estoques descentralizados e cria uma demanda crescente por espaços bem localizados dentro da cidade.
Ao mesmo tempo, no estado de São Paulo, a taxa de vacância em galpões logísticos foi de 8% no terceiro trimestre deste ano. O valor médio de locação atingiu R$ 29,80 por metro quadrado, próximo ao maior patamar histórico registrado no estado. Os preços sobem conforme a proximidade com a capital: em um raio de 30 quilômetros de São Paulo, o valor médio chegou a R$ 35,21 e, dentro do perímetro de 15 quilômetros, alcançou R$ 42,15. Na capital, a busca por espaços voltados à operação last mile delivery impulsionou o preço médio para R$ 46 por metro quadrado em condomínios logísticos e industriais de alto padrão.
O aumento da demanda tem levado empresas a buscar alternativas conhecidas como infill logístico, imóveis de armazenagem dentro do perímetro urbano que funcionam como hubs de proximidade. O modelo permite reduzir deslocamentos, encurtar a chamada última milha e acelerar o giro de mercadorias, que já representa mais da metade do custo logístico total em São Paulo. Estar próximo do consumidor significa não apenas ganhar tempo, mas também diminuir emissões e melhorar a eficiência operacional em setores tão diversos quanto varejo digital, farmacêutico, de mobilidade e de alimentos.
A lógica do same day delivery só se sustenta quando o estoque está inserido dentro da malha urbana. É a presença desses hubs que permite transformar entregas de semanas ou dias em entregas feitas em poucas horas. A descentralização dos estoques tem se tornado requisito básico para quem precisa competir em um mercado cada vez mais orientado pela conveniência do consumidor.
Empresas de diversos portes, de pequeno e médio a gigantes do varejo digital, têm utilizado esse modelo de armazenagem urbana. A GoodStorage, empresa que oferece soluções de armazenamento logístico, atende operações como Mercado Livre e Shopee, que utilizam seus espaços para garantir entregas no mesmo dia. A Petlove, que iniciou a parceria usando 30 metros quadrados em self storage, hoje ocupa quase 2 mil metros quadrados em galpões urbanos. Casos como esses sugerem que a lógica da armazenagem urbana se transformou: de solução voltada a pequenos contratos para infraestrutura capaz de sustentar operações complexas de e-commerce, logística reversa e apoio técnico regionalizado.
"O galpão periférico continua tendo um papel importante, mas não é mais suficiente para atender à dinâmica do mercado atual. O que vemos é uma mudança estrutural: a própria cidade passou a ser parte ativa da rede logística. Isso significa ter locais de armazenamento e distribuição inseridos pelos bairros, capazes de encurtar distâncias, reduzir custos e aumentar a previsibilidade das entregas", comenta Thiago Cordeiro, CEO e fundador da GoodStorage.
"Quando uma empresa consegue sair da lógica de operar apenas em galpões distantes e passa a contar com estoques dentro da cidade, o impacto é imediato. O tempo de entrega cai de dias para horas, o custo logístico se torna mais previsível e o impacto ambiental diminui. Essa combinação gera eficiência econômica para as empresas e benefícios diretos para a população, que recebe com mais rapidez e confiabilidade", complementa Thiago.
Cordeiro explica ainda que o avanço das smart cities, a pressão por sustentabilidade e a adoção de novas tecnologias, como 5G e automação, devem ampliar ainda mais esse movimento nos próximos anos. Em um cenário como esse, a cidade é percebida não só como um ponto de entrega, mas como um componente ativo dessa rede. Para consumidores, isso significa maior rapidez e previsibilidade, e para as empresas, representa ganhos de eficiência e competitividade. Já sob o ponto de vista da metrópole, é o início de uma nova etapa em que a logística deixa de ser apenas operação de bastidor e passa a integrar a infraestrutura do cotidiano urbano.
Sobre a GoodStorage
Fundada em 2013, a GoodStorage atua no segmento de armazenagem urbana e opera mais de 65 unidades na cidade de São Paulo, entre self storages e galpões urbanos, totalizando quase 500 mil metros quadrados. A empresa conta com investimento da Evergreen Investment Advisors, gestora global de fundos com cerca de US$ 6 bilhões sob gestão.
Descubra mais sobre Ponto Real News
Assine para receber nossas notícias mais recentes por e-mail.



